O capítulo 11 do segundo livro de Samuel não deveria nunca ter sido
registrado na Sagrada Escritura. Este capítulo é o retrato de toda a
miséria e vileza de que o ser humano é capaz quando rompe sua comunhão
diária com Deus. Mas o capítulo está ali, como uma prova de que por mais
doloroso que seja, o pecado é parte da experiência humana. É justamente
por isso que Jesus Se fez homem: a fim de solucionar esta triste
situação.
Adultério e homicídio juntos. Como pôde aquele pastorzinho inocente,
que em nome de Deus matava ursos e leões e acabara com o gigante Golias,
que escarnecia do povo de Deus, ter sido capaz de um duplo pecado, tão
repugnante aos olhos da sociedade?
O incidente registrado neste capítulo deveria sempre lembrar-nos de
que não somos sequer capazes de imaginar a que profundezas podemos
descer se soltarmos o braço poderoso de Jesus.
Às vezes, diante da notícia de alguém que se feriu na luta contra o
pecado, perguntamos: “Como foi capaz de fazer isso?” O homem carnal é
capaz disso e muito mais. O capítulo 1 da carta aos Romanos mostra o
quadro do homem que nega um lugar a Deus em sua existência. Ele é
entregue à “paixões infames”, à “imundícia” e à “concupiscência de seu
coração”.
Graças a Deus que não existe apenas o capítulo 11 em II Samuel.
Louvado seja o Senhor pelo capítulo 12. Obrigado a Deus pelo confronto
do homem com sua própria consciência, que não é outra coisa senão a voz
do Espírito Santo; e obrigado, acima de tudo, porque a graça redentora
do Pai é capaz de tocar o coração do filho. Davi caiu em si, reconheceu a
miséria de sua situação, viu-se um monstro, achou-se longe do reino de
Deus, na terra da culpa, loucura e morte e de lá gritou: “Senhor,
pequei, tem compaixão de mim”.
O Salmo 51 registra a oração penitente de um homem que enxergou a
grandiosidade de seu pecado, o grito desesperado de alguém que sente que
Deus deve fazer um transplante de coração em sua vida. Davi reconhece
que nasceu pecador, que o vírus do mal está em cada partícula de seu
ser, mas não se conforma com essa situação, e clama: “Purifica-me e
serei limpo, lava-me e serei mais branco do que a neve”.
Quando o Espírito Santo nos mostra nossa realidade, não é para
levar-nos ao desespero e ao suicídio, é para ajudar-nos a entender o
valor do remédio! “Quando Ele vier convencerá o mundo do pecado, da
justiça e do juízo”.
Convencer-nos só do pecado não teria valor sem a justiça de Cristo, ao
passo que mostrar-nos só a justiça não teria muito sentido sem
mostrar-nos o futuro, o qual devemos enfrentar sem medo, apesar de nosso
passado escabroso, porque ele já foi perdoado por Jesus. (Alejandro Bullon)
Ctrl C by Blog do Amilton Menezes.
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