quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dilma será pressionada pelo Vaticano

O Vaticano cobra do novo governo de Dilma Rousseff um compromisso para que não reabra o acordo que rege as relações bilaterais com o Brasil e que foi alvo de muita polêmica. O assunto foi debatido ontem em reunião do secretário da Santa Sé para Relações com os Estados, Dominique Mamberti, com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Definiu-se, no encontro, que Dilma fará uma viagem a Roma em 2012 para se reunir com o papa Bento XVI. A visita já está sendo organizada pelo Palácio do Planalto e pela Santa Sé e faz parte do projeto de uma "trégua" entre o Vaticano e Dilma depois da polêmica sobre o aborto, durante a campanha eleitoral.
O Vaticano solicitou a Carvalho que o Acordo Brasil-Santa Sé sobre o Estatuto Jurídico da Igreja Católica entre em vigor a partir do próximo mandato. O documento inicial, proposto pela Igreja em 2007, falava na obrigatoriedade do ensino de religião em escolas públicas, acesso às reservas naturais para missionários e isenção de impostos. O Itamaraty alterou o texto para uma mera declaração de boas relações com a Santa Sé.
Sancionado pelo presidente Lula no início deste ano, o texto esbarrou em um processo e está no Supremo Tribunal Federal (STF). 'Não acreditamos que isso ofereça um risco para sua entrada em vigor', disse Carvalho.
Dilma decidiu na última quinta-feira aproveitar a viagem de Carvalho para mandar recado: seu governo não abrirá guerra contra a Santa Sé. Em sua carta ao papa, ela pede que a Igreja "não recue" em relação ao Brasil e diz que o futuro governo conta com a Santa Sé para o seu projeto de erradicação da pobreza.
A carta, a ser entregue amanhã, pede a bênção do papa ao governo e assegura que a eleita quer diálogo. 'O que nós queríamos e acho que conseguimos era limpar de uma vez por todas o mal-estar da campanha eleitoral', admitiu Gilberto Carvalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Felipe Lemos em seu blog Realidade em foco comenta que a  preocupação do Vaticano com o acordo bilateral indica que a Santa Sé não quer correr o risco de perder qualquer um de seus privilégios. O governo brasileiro, tentando não ter problemas com a numerosa e influente bancada evangélica e com as igrejas protestantes, não tem colocado em prática tudo o que o acordo prevê, especialmente aspectos que beneficiam única e exclusivamente a Igreja Católica. Agora o Vaticano pressiona o Brasil para que tome posição firme a favor do acordo. A presidente eleita Dilma Rousseff certamente será aconselhada a agradar, tanto aos católicos, quanto aos evangélicos. Vamos ver como vai se sair neste jogo de diplomacia religiosa. A expectativa, dos defensores da liberdade religiosa, é que nenhuma denominação seja prejudicada por causa deste acordo. O Brasil nunca teve episódios, da parte do governo central, de desrespeito aos direitos de crennça. Espera-se que não seja agora que isso vá mudar.

Fonte :A. Estado , by Felipe Lemos(ASN).

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