segunda-feira, 8 de março de 2010

Vida por Vidas*



No fim de 2009 eu estava em Jaú, acompanhando minha mãe (Mercedes) em um tratamento de linfoma. Eram as últimas fases do tratamento que durou um ano, culminando com a necessidade de um transplante de medula óssea.

Apesar de todas as dificuldades e das incontáveis pedras que encontramos pelo longo caminho que percorremos, minha mãe estava se recuperando bem.

Logo após o transplante, na fase de recuperação, estávamos na sala de atendimento do hospital Amaral Carvalho, em Jaú. Minha mãe estava fraca, cansada. Naqueles dias, eu precisava conduzi-la pelos intermináveis corredores do hospital em uma cadeira de rodas, pois ela não tinha forças para caminhar os trechos necessários para alcançarmos o ambulatório.

Fazia cinco dias que esperávamos por uma transfusão de plaquetas, mas o hospital não tinha o suficiente em seu banco. Questionei a enfermeira se eu poderia fazer doação direta de plaquetas à minha mãe e ela respondeu afirmativamente, pedindo que eu me deslocasse ao setor responsável.

E assim procedi, mas fiquei decepcionado ao saber que eu não poderia doar plaquetas, pois isto só era possível para pessoas que já haviam doado sangue antes e eu não era um doador.

Num momento difícil como o que estávamos passando, tendo a solução correndo dentro de minhas veias, eu não pude servir de socorro para minha mãe. Isto ocorreu por um motivo bem simples: eu nunca havia doado sangue antes.

Eu não saberia dizer quantas bolsas de sangue e plaquetas minha mãe recebeu durante todo o ciclo de seu tratamento. Ela costuma dizer que nem deve ter mais sangue dela em suas veias, mas ali deve correr a vida doada por outras anônimas pessoas.

Esses heróis anônimos fizeram pela Dona Mercedes o que eu não pude fazer e, se um dia, precisarem socorrer um dos seus, certamente não encontrarão o impedimento que eu encontrei.

Sou grato a essas pessoas que, com suas vidas, salvam vida.

Denis Cruz
deniscruz@deniscruz.com.br


* VIDA POR VIDAS: Este é um projeto anual promovido pela Igreja Adventista do 7º Dia. Criada em 2005 e premiada em 2006 pela Organização Mundial de Saúde, a campanha já somou mais de 300 mil doadores em oito países da América do Sul.
Hoje o Vida por Vidas conta com doações trimestrais, o que mantém uma regularidade dos doadores. O grande objetivo é suprir a demanda dos estoques de sangue nos hospitais e hemocentros, através do estabelecimento do hábito de doar sangue e também da conscientização de cada cidadão, quanto à importância de ser um doador regular.
Saiba mais sobre o projeto acessando: www.vidaporvidas.com.br

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